“Todos podem ver as táticas empregadas nas
minhas conquistas; mas o que ninguém pode
visualizar é a estratégia que as possibilita”.
Sun Tzu
Em 2023, o Mundial de Clubes da FIFA, será o último a ser realizado seguindo
o formato adotado anualmente desde 2005. O torneio será disputado na Arábia Saudita,
no período entre 12 e 22 de dezembro, pelos 7 clubes campeões continentais. Serão eles:
Al Ahly (Egito), Auckland City (Nova Zelândia), All Ittihad (Arábia Saudita),
Fluminense (Brasil), León (México), Manchester City (Inglaterra) e Urawa Red
Diamonds (Japão). Em 2024, será realizado um torneio mais curto, onde o campeão da
UEFA Champions League jogará a final contra o vencedor de um playoff disputado pelos
clubes das outras confederações filiadas à FIFA.
A partir de 2025, o torneio terá 32 clubes, sendo 12 para a Europa, seis para a
América do Sul, quatro para as Américas Central e do Norte, quatro para a África, quatro para a
Ásia, uma para a Oceania e uma para o país-sede do torneio..
Vale lembrar que, em 2012, o Corinthians foi o último clube brasileiro a
conquistar o título. Entre 2013 e 2022 todos os campeões foram cubes europeus, em
especial, o Real Madrid com cinco conquistas. Nos últimos anos, o futebol evoluiu na
preparação física, na intensidade e na parte tática (os goleiros, por exemplo, passaram a
exercer mais funções táticas do que no passado).
O Fluminense, atual Campeão da Libertadores, está classificado diretamente
para a semifinal e fará a sua estréia no dia 18 de dezembro. Porém, ainda vai ter que
aguardar dois jogos antes de conhecer seu primeiro adversário. Em 12 de dezembro, o
Al-Ittihad, da Arábia Saudita, jogará contra o Auckland City, da Nova Zelândia.
O vencedor desta partida vai enfrentar o Al-Ahly, do Egito, três dias depois. A
decisão do Mundial de Clubes será realizada no dia 22 de dezembro.
Considerando a evolução do futebol praticado nos diversos continentes,
principalmente, em função do constante intercâmbio de treinadores e jogadores, a
diferença entre os clubes está cada vez menor. A intensificação da concorrência incentiva,
cada vez mais, o pensamento estratégico, onde as ações necessárias para a disputa do
Mundial de Clubes devem ser meticulosamente planejadas.
A palavra Estratégia derivada de “strategos” (general) teve sua origem nos
campos de batalha. Em sua acepção original, referia-se à formulação dos planos a serem
executados por um Exército para atingir os objetivos fixados para guerra. Com o passar
do tempo, o conceito perdeu sua conotação puramente bélica e foi sendo adaptado para
diversas áreas do conhecimento como um conjunto de medidas pelas quais se busca a
partir de um estágio inicial alcançar um estágio final desejado. Em relação ao futebol, é
um conjunto de medidas planejadas e adotadas, dentro ou fora de campo, as quais
proporcionarão aos jogadores condições mais vantajosas para buscar a vitória num jogo
ou numa competição. No futebol moderno, podemos afirmar que nem sempre talentos
individuais poderão assegurar a conquista do título. Para tal, também é indispensável que
seja formulada uma estratégia adequada para cada competição. O Mundial de Clubes, por
ser um torneio de curta duração, no qual, cada clube disputa, quando muito, três jogos,
vencê-lo, significa que uma estratégia foi habilmente formulada. Além da qualidade
técnica, crescerá a importância do conhecimento do adversário, da estratégia no jogo, da
organização tática e dos sistemas táticos em confronto. A condição física será outro fator
de grande influência. Os jogadores europeus estarão em final de temporada. Em relação
aos clubes africanos e asiáticos – a evolução do futebol naqueles continentes, muito em
função do constante intercâmbio de treinadores e jogadores, é conhecida, todavia, suas
principais características associadas (asiáticas – velocidade, disciplina tática e capacidade
de marcação; africanas – velocidade, força física, e criatividade) já demonstram uma
evolução crescente.
Nesse sentido, as seguintes medidas devem ser observadas na estratégia dos clubes:
Treinador com liderança, visão tática e estratégica; elenco tecnicamente qualificado
(mesclando novos jogadores com aqueles que já disputaram competições internacionais);
equipe com padrão de jogo e com capacidade de alternar sistemas durante a partida e ao
longo do torneio; organização tática; preparação física adequada; espírito de grupo;
estudo detalhado dos adversários, da tabela da competição, da melhor forma de se adaptar
ao clima e ao fuso horário, influência dos deslocamentos aéreos e/ou terrestres…) e o
apoio da torcida.
Sérgio Vieira Reale
Oficial da Reserva da Marinha
Autor do Livro Guerreiros da Bola
